segunda-feira, 6 de junho de 2011

Você chora por alguém. Grita. Grita o mais forte que pode. Mas ninguém vem até você.
Tão perto do céu que pode ouvi-lo. Mas ele não te ouve. Ninguém te ouve. 
Ninguém se importa. Não mais.
Seu discurso era sempre embasado nas mesmas coisas.
“Essa criança é jovem demais pra entender essas coisas. E aquele senhor, velho demais.”
“Não me peça pra ajudá-los, não me peça pra mostrá-los o que eu sei. Poupe-me desse julgo, afaste o cálice se for possível, para que eu possa dormir em paz, sem lembrar de seus olhos desesperados, de sua alma aterrorizada pelo inevitável. Não, não me diga que temos pouco tempo.
Eu preciso me enganar, fingir que tudo vai bem e que isso é eterno. Não me incumba de salvar ninguém. Preciso salvar a mim antes, e mesmo que salve, ainda tenho mais com o que me preocupar.”
“Não me mostre, não me conte. Não conte comigo pra salvar esses coitados.
 Nem ninguém. Nenhum desses que clamam por ajuda. Não!”
É tarde pra dizer que se arrepende e pra fazer diferente. Não há mais tempo, nem possibilidades. A chance lhe foi dada uma, duas, dez vezes, mas você sempre esteve ocupado demais.
 Mas agora o desespero é todo seu, os gritos saem desesperados da tua garganta e não há ninguém que possa – que queira – te salvar.
São suas as tentativas frustradas, são seus os olhos cheios de lágrimas, mas é deles, e somente deles, o direito à vingança que você tanto subestimou.

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