Suas perninhas magras
Desfilavam o calção surrado
Da estação passada.
Seus olhinhos pedintes
Jamais recusavam
Um abraço apertado.
E seu sorriso inocente
Convertia em bondade
Até as piores atrocidades.
A fome crônica
E ausência permanente dos pais
Não eram suficientes
Para fazê-lo infeliz.
Era ele, toda vida.
De todo, vida.
Mas agora
Suas mãozinhas são frias.
Ele é todo frio.
Não sente mais fome
Nem medo.
Não sente amor
Nem nada
Seu corpo franzino é inerte
Corpo? Que corpo?
A maldita carreta o despedaçou
Por completo.
Naquela rodovia.
E aquele último copo de bebida
Que o motorista se permitiu tomar
Tomou a vida do nosso garotinho
Tornou o mundo menos humano.
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