quarta-feira, 29 de junho de 2011

mezzo.

E a vida continua.
Daqui ou de outro jeito. Porque nada há que não se resolva – quase nada.
Continua entre cobras e sobras. Entre os nós de tanta dobra. Segue. Persegue.
E volta a continuar.
Por todo tempo. Em todo centro. Continua sempre – quase sempre.

E pelo sim, pelo não, já estamos todos jurados de morte.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Até quando

você vai esperar pra mudar a situação a tua volta?
Até quando os pais enterrarão os filhos,
e os filhos - que ainda vivem - envergonharão os pais?
Enquanto você fica aí, parado, o mundo explode a tua volta.
Despencam as colunas familiares, explodem todas de ódio
nesse ritmo inscessante de desunião.
Até quando você vai trocar suas amizades por dinheiro, e a tua vida por prazer passageiro?
Até que ponto vale a pena sair sem ligar pra mais nada? - esse nada ainda liga pra você.
E ele ainda espera de você um grito de revolta, um sinal de que ainda corre sangue nessas tuas veias.
Mas, se olhe no espelho. Seu corpo todo já é pálido.
Sem sangue, sem vida, sem atitude.
Sim, a tua humanidade está perdida.
Me diga: ainda bate um coração aí dentro, ou esse pulsar não passa de instintiva tentativa cerebral de te fazer acordar?

Já te disse?

Seu cheiro me enlouquece
-meu corpo já não me obedece.
Quando você chega perto
sinto que não há mais nada certo,
em mim.
Seus beijos me levam às alturas.
Suas palavras em meus ouvidos
me levam à loucura.
Não posso demonstrar esse desejo incontrolavel
esta dificil me conter.
Eu sei que não dá pra entender,
Mas eu não posso te esquecer.

                                             Carolina Giembra

Conciso.

Ah! Esse tempo que não passa.
Quero tanto te encontrar.
Já não consigo segurar
essa saudade incontrolável
que sinto de você.
Não, eu não consigo te esquecer.
Você me faz querer viver
São os seus beijos que me dão força pra continuar.
Mesmo que às vezes eu não queira demonstrar,
esse grande amor que eu tenho por você
NUNCA vai acabar.

                                      Carolina Giembra

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Até parar de bater.

O que se faz quando envenenado por um amor misturado com o ódio que
faz sentir desde prazer intenso até o espasmo da morte?
A intolerância de ser acostumado a viver intensamente apaixonado
Lhe reserva um coração predestinado a sangrar em um quarto vazio e frio .

Portas fechadas escondem pensamentos cegos
Que podem levar à loucura em um minuto
Basta fechar os olhos e o normal se transforma em absurdo
Paixão é droga, é talvez um vírus
Contagioso através do olhar e viciante pelo gosto mentiroso, de efeito alucinógeno que afeta a consciência e o coração.


Felizes são elas.

Quando não encontram nenhum parceiro, algumas especies de estrela-do-mar soltam um dos braços, dando origem a mais uma de sua especie.
Que lindo!
Mas obvio que com os seres humanos isso não daria certo - até por que a ansiedade faria a maioria perder os braços e as pernas antes dos vinte anos.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Sim. É exatamente assim.

Enquanto a chuva forte causava ruído ao fundo em atrito com o teto, seus olhos despejavam toda lágrima possível.
Estava sozinho, silencioso - não que isso o deixasse triste.
Pelo contrário, sentia-se imensamente perturbado quando recebia visitas.
Nas mãos, o motivo de tamanha reclusão.
A carta, coberta das lágrimas já secas, guardava em suas linhas o que de mais precioso um homem pode esconder: o amor – destruidor - de uma mulher.
Anos haviam se passado, feridas foram recobertas e sentimentos haviam sido sufocados – mas ainda sufocavam o velho.
Ela, no auge de seus 17 anos, fazia palpitar o coração de qualquer rapaz que lhe reparasse.
Linda. Mas não como as outras bem vestidas e maquiadas com precisão. Era assim pelo semblante arrebatador, sua voz suave e seu talento inato de conquistar.
Não foram precisos muitos dias até que ele se visse perdidamente apaixonado – nesse tempo, ainda se permitia amar – e amava de toda alma, todo entendimento, como deve ser.
Passava todos os dias em frente à portinha que se abria na loja onde ela trabalhava na esperança de, quem sabe, receber nem que por alguns instantes o olhar de sua musa.
A partir daí, tudo se passou rápido e inacreditável demais.
Em poucas semanas, o sentimento era absolutamente recíproco. Seus encontros se tornaram diários e indispensáveis. Seus carinhos. Planos. Promessas.
Ao todo, foram onze meses. Onze, porque antes que se completasse um ano de descoberta da felicidade, essa tratou de se esconder.
Tão bem que nunca mais pôde ser achada.
Os motivos, ele não soube jamais. Tentou diversas vezes entender qual foi a água toda que encheu a gota.
Inútil perca de tempo. Ela já estava longe demais, em corpo e em alma, pra que pudesse explicar qualquer coisa.
Dela, sobrou a saudade do cheiro, do beijo, e a carta que servia como consolo torturador ao pobre velho.
Já da felicidade, ah! A felicidade.
Dessa não sobrou nada. Não que ele fizesse questão.
E agora, enquanto a última gota de dor rasga sua face ele desfalace, finalmente se vê livre, e morre aos braços da tão companheira solidão.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Dia dos Namorados - Ou, segundo finados.

Dia em que nós, solteiros crônicos, nos deparamos com aquela desagradável sensação de solidão.
Ou talvez nem tão desagradável assim.
Ontem, enquanto os casaizinhos trocavam presentes na minha frente, juro que me bateu uma saudade de tudo aquilo.
Dos sorrisos, daquela expectativa gostosa, do carinho. Ali fui eu, num fugaz devaneio até lembrar dos motivos que me levaram a não querer continuar com ninguém.
Caí - despenquei - na realidade.
Pra ver que amor não se compra em 10 vezes fixas no cartão, e confiança não vem de brinde na promoção.
Porque se for pra dar presente, eu espero os aniversários. Se for pra abraçar, eu abraço meu cachorro, mas se for pra amar... ah, se for pra amar que seja pra valer.

Sobra tanto espaço dentro do abraço.

Saio de casa.
Na rua, olhares se cruzam sem querer e eu percebo que alguns deles já não fazem questão de ser notados.
Estão inatingíveis – irredutíveis – desacreditados quanto a tudo isso.
Eu vejo casais. De gente que nem se conhece. De gente que nem se gosta, mas que prefere fingir qualquer sentimento (por qualquer pessoa, qualquer motivo) à ter que viver sozinho consigo dia e noite.
Vejo também casais que se amam e outros que ainda vão se amar intensamente.
Vejo homens com outros homens. Homens que deveriam estar com mulheres, mas estão com outros homens. Não é crítica a opção sexual, por favor. Mas é que fica cada vez mais difícil assimilar tudo isso.
Vejo e entendo. Entendo mas não aceito.
Não que isso faça alguma diferença na pratica. Eu só queria que as pessoas percebessem o quanto é complexa a simplicidade do amor.
Não adianta procurar, não adianta provocar.
Ele é tão simples que confunde quem tenta explicá-lo.
Então não veja. Apenas sinta.
E quando sentir, me conte.
Porque até hoje eu pude ver, mas sentir que é bom, nem de longe.

domingo, 12 de junho de 2011

Não pode ser.

Serzinho repugnante.
Como pôde? Como?
Esteve aqui, todo esse tempo, minando amizades, destruindo sorrateiramente tudo que podia.
Ridiculamente mentiroso, mau caratér, falso.
E não digo isso por definição própria, já que além de duas caras, é um incapaz!
Incapaz de se lembrar onde colocou as minas. Incapaz de dissernir onde pisar.
E pisou errado. Pisou onde - em quem - não devia.
A tua mascara caiu.

Você acorda, e se olha no espelho.
Eu me pergunto: o que você vê?
O moço bem quisto, bem visto, que toda garota se orgulharia a apresentar aos pais, ou o sem vergonha, que agora todos nós conhecemos? Acredite: EU me envergonharia se alguem nos comparasse.
Você não é um ser humano. Nem de longe.
E, mais que nunca, você me dá nojo.
A tua presença me incomoda e teu cheiro me dá tonturas. 
Saia, agora, e não olhe pra trás, que sirva de conselho.
Por que se olhar, vai ver que nós - todos nós - vamos estar muito melhor sem você.
E vá rapido, antes que eu quebre esse taco de bets nas suas costas.

e nenhum machado

corta nossa raiz.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sobre ele.

Suas perninhas magras
Desfilavam o calção surrado
Da estação passada.

Seus olhinhos pedintes
Jamais recusavam
Um abraço apertado.

E seu sorriso inocente
Convertia em bondade
Até as piores atrocidades.

A fome crônica
E ausência permanente dos pais
Não eram suficientes
Para fazê-lo infeliz.

Era ele, toda vida.
De todo, vida.

Mas agora
Suas mãozinhas são frias.
Ele é todo frio.

Não sente mais fome
Nem medo.
Não sente amor
Nem nada

Seu corpo franzino é inerte
Corpo? Que corpo?
A maldita carreta o despedaçou
Por completo.

Naquela rodovia.

E aquele último copo de bebida
Que o motorista se permitiu tomar
Tomou a vida do nosso garotinho
Tornou o mundo menos humano.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

e se eu dissesse que é amor,

você acreditaria ser mentira?
Você chora por alguém. Grita. Grita o mais forte que pode. Mas ninguém vem até você.
Tão perto do céu que pode ouvi-lo. Mas ele não te ouve. Ninguém te ouve. 
Ninguém se importa. Não mais.
Seu discurso era sempre embasado nas mesmas coisas.
“Essa criança é jovem demais pra entender essas coisas. E aquele senhor, velho demais.”
“Não me peça pra ajudá-los, não me peça pra mostrá-los o que eu sei. Poupe-me desse julgo, afaste o cálice se for possível, para que eu possa dormir em paz, sem lembrar de seus olhos desesperados, de sua alma aterrorizada pelo inevitável. Não, não me diga que temos pouco tempo.
Eu preciso me enganar, fingir que tudo vai bem e que isso é eterno. Não me incumba de salvar ninguém. Preciso salvar a mim antes, e mesmo que salve, ainda tenho mais com o que me preocupar.”
“Não me mostre, não me conte. Não conte comigo pra salvar esses coitados.
 Nem ninguém. Nenhum desses que clamam por ajuda. Não!”
É tarde pra dizer que se arrepende e pra fazer diferente. Não há mais tempo, nem possibilidades. A chance lhe foi dada uma, duas, dez vezes, mas você sempre esteve ocupado demais.
 Mas agora o desespero é todo seu, os gritos saem desesperados da tua garganta e não há ninguém que possa – que queira – te salvar.
São suas as tentativas frustradas, são seus os olhos cheios de lágrimas, mas é deles, e somente deles, o direito à vingança que você tanto subestimou.