quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Viúva

Quando voltei da minha viajem à Suíça, todos diziam que era uma pena, uma pena mesmo. Pena? Pena?
Pena é o caralho.
Meus familiares me olhavam esquisito dizendo que eu não podia deixar que aquilo atrapalhasse minha vida. Mas aquilo o quê?
Vinha trabalhando demais, era isso. E estava subindo pra cabeça. Deles...
Deixei a bagagem em casa e saí. No carro, me percebi imaginando a reação do meu namorado ao me ver ali duas semanas antes do previsto.
O trajeto me parecia até mais bonito.
Cheguei a casa dele, já era tarde. Ele provavelmente já estava dormindo. Pensei então em ligar para acordá-lo, mas achei que seria mais romântico fazer isso com um beijo.
Procurei entre minhas chaves uma cópia que ele havia me dado logo que começamos a namorar. Achei. Abri e entrei.
Fui, silenciosamente, e chegando ao corredor reparei que a porta do quarto estava entreaberta. Empurrei um pouco e ali estava ele. Seu corpo escultural, seus cabelos loiros caídos no rosto, bronzeado. Meu, só meu!
Mas algo estava errado.Uma mão estava pousada sobre suas costas, e um cabelo moreno e comprido se misturava aos dele. De fato, algo estava muito errado. Fiquei sem reação. Juro que fiquei.
Inaceitável.
De súbito ele acorda. Se vestindo, tenta me convencer que não é aquilo que eu estava pensando. Mas naquele momento, eu não pensava.
Saí ignorando suas explicações, entrei no carro e fui para casa.
Passei o resto da madrugada tirando minhas conclusões. Organizando as ideias.
De manhã, já sabia o que fazer.
Fui até a casa dele novamente. Dessa vez, toquei a campainha.
Quando ele atendeu, um olhar de espanto me fitou, seguido de uma pergunta óbvia:
-Por que veio até aqui?
Por alguns instantes, não pude conter o riso. Deixei então que me dominasse.
Não sei de que forma, nem com que força o empurrei para dentro e o derrubei no chão. Peguei a primeira arma que me apareceu, por sorte uma tesoura.
Extravasei!
Alguns minutos até ele desistir de tentar me impedir. E seus cabelos loiros, ah seus cabelos loiros, mereciam uma atenção especial.
Seus pedidos incessantes de misericórdia só me faziam ter certeza que fiz o necessário, e fiz bem feito.
Fiquei ali, contemplando minha obra até a polícia chegar. Disseram que os vizinhos ouviram gritos. Gritos? Eu não gritei. Pelo menos, eu não...
O mais curioso, é que o policial saiu correndo para vomitar quando viu o corpo do meu namorado, ex-namorado, no chão da sala.
Não sei por quê.
Homens! Gente Fraca..

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