sábado, 29 de janeiro de 2011

Foi real, e você sabe disso.
Apesar de tudo, ainda sinto sua falta.
Nos olhos, no beijo, na conversa, ninguém te supera.
E por mais que eu procure, não acho ninguém como você.
Porque você é único entre eles, e a tua insubstituível forma de amar me faz querer ser você.
Ser, e sentir, só por um momento o que você sentiu.
Ver tudo o que você viu e entender por que fingiu não se importar.
E queria que isso me torturasse, torturasse até a alma, pra aplacar minha culpa.
Culpa por não ter sido o que você merecia. Culpa por ter tomado de volta o que já era teu.
Você foi a pessoa certa do relacionamento errado. E agora não há mais nada que se possa fazer pra acertar tudo isso.
A gente sabe, todos sabem, você não está feliz. Mas mesmo assim, insiste em tropeçar no próprio orgulho e em se iludir com outros amores.
Você sabe, sabe tanto quanto eu que não vai adiantar. Nada vai adiantar. Ela, com todo o carinho que te dá, ou outra, com todo amor que vai te propôr, não vai ser o suficiente. Nunca. É inevitável.
Você não vai voltar, eu não voltaria se fosse você. E é exatamente por isso que eu economizo minhas forças.
Não é falta de perseverança, não é medo de arriscar, nem comodismo. É autopreservação.
E por mais que eu queira voltar no tempo, naquele tempo em que éramos perfeitos um pro outro, a vida escorre pelos nossos dedos, fora do nosso controle, enquanto nossos esforços se voltam apenas para o fazer, e não para o fazer valer a pena.

Sua falta


Amor meu onde estas?
Estou aqui, me perguntando onde te encontrar.
Nessa noite, onde o frio toma conta,
Necessito mais que tudo de você na minha cama.
Me aqueça com teus beijos, me envolva em teus braços.
Susurre em meus ouvidos, dizendo que me quer.
Prometi pra você serei sua mulher,
Me mostre seu outro lado.
Este lado oculto atrás dos seus belos olhos ...
Este lado que é o par do lado meu.
Fomos feitos um pro outro
Como a lua foi feita pra acompanhar a noite
Você foi criado pra arrancar a solidão do meu coração
e me trazer alegria
O nosso amor é único, pura magia
quero estar com você noite e dia.
                          
                                            Carolina Giembra

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Muros e Grades

Nas grandes cidades do pequeno dia-a-dia
O medo nos leva a tudo, sobretudo a fantasia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia
Então erguemos muros que nos dão a garantia
De que morreremos cheios de uma vida tão vazia
Nas grandes cidades de um país tão violento
Os muros e as grades nos protegem de quase tudo
Mas o quase tudo quase sempre é quase nada
E nada nos protege de uma vida sem sentido
O quase tudo quase sempre é quase nada...
Um dia super
Uma noite super
Uma vida superficial
Entre as sombras
Entre as sobras
Da nossa escassez 

Nas grandes cidades de um país tão irreal
Os muros e as grades
Nos protegem de nosso próprio mal
Levamos uma vida que não nos leva a nada
Levamos muito tempo prá descobrir
Que não é por aí...não é por nada não
Não, não pode ser...é claro que não é
Será?
Viver assim é um absurdo, (como outro qualquer)
Como tentar o suicídio (ou amar uma mulher)
Viver assim é um absurdo (como outro qualquer)
Como lutar pelo poder (lutar como puder)
Um dia super
Uma noite super
Uma vida superficial
Entre as cobras
Entre escombros
Da nossa solidez.

Engenheiros do Hawaii.
Milhares de pessoas passaram pela minha e pela sua vida. Mas não era uma pessoa que eu procurava naquele momento. Era um homem.
Com caráter e coragem incontestáveis, que soubesse exatamente o momento de esperar e o de agir.
Carente, mas forte o bastante pra me dar carinho sempre que precisasse.
Alguém em quem eu pudesse confiar, sem medo de falar, sem medo de mostrar nada.
E pra ser perfeito precisava ter cara e corpo de deus grego. De fato, um Dionísio estaria de bom tamanho.
Depois de muita procura, ou nem tanta, achei um desses. Confesso que fiquei decepcionada.
Descobri que caráter se corrompe e coragem não mantém em pé. Afinal, "antes um cachorro vivo que um leão morto."
Que quem espera demais, geralmente perde o bonde. E não agir é sempre a melhor opção.
Carência denota fraqueza, e carinho demais estraga.
Descobri também que a confiança é frágil demais, e quanto mais se usa, mas rápido se perde.
E como todos sabem, beleza é passageira, mas feiúra se tem pra vida toda.
Sendo assim, deveria me contentar com um homem chato, estúpido, sem caráter ou fidelidade e ainda feio que dói.
Ou não.
Enquanto seu caráter se mantivesse confiável, e sua coragem não fosse provada, ainda seria o mais perfeito dos homens.
Antes que nos aparecesse uma situação que exigisse paciência, ou muito trabalho duro, ele estaria no ranking dos mais cobiçados.
Enquanto ele não saísse contando meus segredos pra cidade, eu confiaria nele cegamente.
Antes que ele se fechasse no quarto e começasse a chorar se amaldiçoando por ter nascido, ele seria meu porto seguro.
E por fim, que ele mantivesse sua cútis de bebê e o corpo de modelo o máximo de tempo que pudesse. Assim, enfeitaria minha sala e ninguém poderia dizer que ele não serve pra nada.
No final, daria na mesma. Chato, estúpido, sem caráter, infiel e feio, mais ainda que o primeiro.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Tua pele na minha pele.
Tua boca no meu corpo.
Teu corpo em mim.
Desça, deslize, deite aqui.
Sinta a pulsação,
o vento,
a adrenalina.
Mate a vontade,
a sede,
o medo.
Teus braços em volta das minhas pernas.
Tuas pernas protegem nós dois.
Duas almas. Um corpo.
Nosso corpo, que se encaixa.
Perceba a respiração,
o arrepio,
a reação.
Seja único.
Surpreendente.
Irresistível.
Permita-me continuar sentindo
a sensação que você me provoca.
Não saia, não caia, não morra.
Apenas seja.
O corpo, a pele, a boca.
Meu vento, minha vontade. Minha sede, meu medo.
Nossos braços, nossas pernas. Nossa alma, que se encaixa.
Único, surpreendente, irresistível.
Seja minha vida. Sempre.
Em perfeita simetria

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Casa

Vão me demolir. Há dias pessoas bem vestidas circulam dentro de mim. Entram e saem de meus cômodos com pranchetas e anotações. Somam, dividem meus metros quadrados.
Meus alicerces estão velhos, eu sei. Minhas janelas quebradas e meu teto ameaça desabar já faz um tempo.
Quando fui construída só havia campos em volta. Lembro do assoalho italiano que me colocaram, e das porcelanas que enfeitavam as estantes. Com o tempo, tudo mudou. Casas, prédios, lojas. Maiores e mais resistentes que eu. Lembro-me dos primeiros moradores, recém casados. Foi aqui onde nasceu seu único filho. Depois de uns anos ele foi embora, se casou.
Os dois passaram a se chamar de "meu velho" e "minha velha". Seus passos diminuíram de velocidade, suas palavras eram menos frequentes. Nenhum barulho alto, nem festas. Só os dois.
Uma tarde a velha caiu. Pouco tempo depois chegou um carro branco, com uma sirene barulhenta. Colocaram ela dentro, e eu nunca mais a vi.
Meu velho agora estava sozinho. Às vezes sentava nos meus degraus e se perdia em pensamentos. Chorava.
Passaram-se meses. E ele continuava pensativo. Foi deitar-se e ao amanhecer não levantou na hora de costume.
Alguém entrou, e trouxe mais gente. Trágico, ou nem tanto.
Velaram o velho em minha sala. E eu chorei, por dentro.
Tanta história, momentos, memórias de quem viveu em mim.
Mas as pessoas bem vestidas voltaram.
Meus alicerces tremem, minha defesa cai, minhas forças somem, meu teto desmorona. Agora sim, estão me demolindo. E as mesmas memórias, se destroem comigo.

A Viúva II

Manicômio Judiciário. Lugar para loucos, lugar para fracos. Depois do desagradável incidente com meu ex-namorado, no qual se envolveram uma tesoura e um punhado de cabelos loiros, quiseram me taxar de louca, psicopata, desequilibrada.
Não faço nem a mínima idéia do porquê!
Deixei o guarda do corredor morto no chão, e sai andando calmamente, de um jeito meio aristocrático. Olhei mais uma vez para trás, o corpo do rapaz estrangulado ali no chão e refleti por um instante sobre como os homens são burros.
Todos burros, sem uma única exceção.
Meses depois, porém, achei que tinha encontrado um rapaz diferente. De um jeito franco, um sorriso aberto. Ligeiramente menor que eu e com certa ausência de cérebro, que lhe conferia uma aparência encantadora.
Tinha ficado apaixonada.
Estava disposta a esquecer meu passado manchado, abandonar meu presente sádico, em nome do amor que eu tinha por ele.
Éramos felizes. Piadas, sorrisos, doces, chuva, vento, cinema. Um rio infinito de felicidade.
Um belo dia quis lhe fazer uma surpresa. Entrei em sua casa, pé ante pé, sorrindo comigo mesma ao pensar em acordá-lo. Abri a porta do quarto e estaquei no portal.
Segunda vez. Prometi a mim mesma que não entro mais sem permissão.
Onde é que estão as tesouras quando se precisa delas?
Ele, meu namorado, meu amante, enroscado nos lençóis com um homem?
Impossível.
No entanto, não havia dúvida. Os rostos barbados juntos um do outro não me deixavam espaço na imaginação.
Sentindo novamente prazer no esporte, resolvi repaginar antigas técnicas e apanhei um facão na cozinha.

                              Amanda Dornelles. educacaoalienista.blogspot.com

A Viúva

Quando voltei da minha viajem à Suíça, todos diziam que era uma pena, uma pena mesmo. Pena? Pena?
Pena é o caralho.
Meus familiares me olhavam esquisito dizendo que eu não podia deixar que aquilo atrapalhasse minha vida. Mas aquilo o quê?
Vinha trabalhando demais, era isso. E estava subindo pra cabeça. Deles...
Deixei a bagagem em casa e saí. No carro, me percebi imaginando a reação do meu namorado ao me ver ali duas semanas antes do previsto.
O trajeto me parecia até mais bonito.
Cheguei a casa dele, já era tarde. Ele provavelmente já estava dormindo. Pensei então em ligar para acordá-lo, mas achei que seria mais romântico fazer isso com um beijo.
Procurei entre minhas chaves uma cópia que ele havia me dado logo que começamos a namorar. Achei. Abri e entrei.
Fui, silenciosamente, e chegando ao corredor reparei que a porta do quarto estava entreaberta. Empurrei um pouco e ali estava ele. Seu corpo escultural, seus cabelos loiros caídos no rosto, bronzeado. Meu, só meu!
Mas algo estava errado.Uma mão estava pousada sobre suas costas, e um cabelo moreno e comprido se misturava aos dele. De fato, algo estava muito errado. Fiquei sem reação. Juro que fiquei.
Inaceitável.
De súbito ele acorda. Se vestindo, tenta me convencer que não é aquilo que eu estava pensando. Mas naquele momento, eu não pensava.
Saí ignorando suas explicações, entrei no carro e fui para casa.
Passei o resto da madrugada tirando minhas conclusões. Organizando as ideias.
De manhã, já sabia o que fazer.
Fui até a casa dele novamente. Dessa vez, toquei a campainha.
Quando ele atendeu, um olhar de espanto me fitou, seguido de uma pergunta óbvia:
-Por que veio até aqui?
Por alguns instantes, não pude conter o riso. Deixei então que me dominasse.
Não sei de que forma, nem com que força o empurrei para dentro e o derrubei no chão. Peguei a primeira arma que me apareceu, por sorte uma tesoura.
Extravasei!
Alguns minutos até ele desistir de tentar me impedir. E seus cabelos loiros, ah seus cabelos loiros, mereciam uma atenção especial.
Seus pedidos incessantes de misericórdia só me faziam ter certeza que fiz o necessário, e fiz bem feito.
Fiquei ali, contemplando minha obra até a polícia chegar. Disseram que os vizinhos ouviram gritos. Gritos? Eu não gritei. Pelo menos, eu não...
O mais curioso, é que o policial saiu correndo para vomitar quando viu o corpo do meu namorado, ex-namorado, no chão da sala.
Não sei por quê.
Homens! Gente Fraca..