Amor de inverno, por que tão vento?
tão falho e sem sentido.
Te invento em mim, homem, juro que sim.
Seguro teu espasmo, não?
Segurei tua loucura
naquelas ruas escuras, lembra?
Segurei a faca pra tu não me matar.
Malditos olhos, e dedos, e tudo.
Tua confusão nem é tão grande assim,
Teu fracasso é maior.
Medo.
Medo é desejo, ele disse.
Então é tudo que não sinto.
Agora vai,
saltitante a bailar com a bruxa dos contos que me mentiu
Dance, dance mais.
Beba, só. Muito.
Enlouqueça e crave a faca.
Crave as unhas nas carnes.
Mate. Mate-a.
E morra. Só.
Trash
"Existe no homem um vazio do tamanho de Deus." . Dostoievski
quinta-feira, 30 de agosto de 2012
segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Nunca achei que tivesse os pés no chão.
Mas me disseram que tenho.
Disseram que tenho até demais. E que isso faz bem.
Bem faz saber que não ando voando por aí, como me sinto.
Que ando centrada, de pés no chão, como acham...
Bem feito a mim, que pensava estar surtando.
Não estou, nem estive, contaram.
Disseram também, esses sonhadores, que "estou tranquilo" é sinal do oposto e " estou enlouquecendo" é prova de sanidade.
Acabaram por me convencer de que quando se é, não se fala em hipotese alguma.
Nem a verdade, nem o disfarce.
que é pra não ser descoberto e acabar com a graça toda.
E isso nos leva ao início, quando voavamos tocando o chão e achavamos o máximo ser diferente como todos os outros querem ser. E o são.
São é um estado bom, confortavel. Não me lembro dele.
Mentira.
Somos sãos, santos. Todos nós.
Que temos os pés no chão, e não voamos, como me disseram.
Mas me disseram que tenho.
Disseram que tenho até demais. E que isso faz bem.
Bem faz saber que não ando voando por aí, como me sinto.
Que ando centrada, de pés no chão, como acham...
Bem feito a mim, que pensava estar surtando.
Não estou, nem estive, contaram.
Disseram também, esses sonhadores, que "estou tranquilo" é sinal do oposto e " estou enlouquecendo" é prova de sanidade.
Acabaram por me convencer de que quando se é, não se fala em hipotese alguma.
Nem a verdade, nem o disfarce.
que é pra não ser descoberto e acabar com a graça toda.
E isso nos leva ao início, quando voavamos tocando o chão e achavamos o máximo ser diferente como todos os outros querem ser. E o são.
São é um estado bom, confortavel. Não me lembro dele.
Mentira.
Somos sãos, santos. Todos nós.
Que temos os pés no chão, e não voamos, como me disseram.
sábado, 26 de maio de 2012
Poeta à Revelia
Ele, por assim dizer, não era grande coisa.
Grandes coisas são exageradas, dispensáveis.
Mas ele, de fato, não era. Atrás daqueles instrumentos perdia a vergonha e, sem vergonha, fazia seu show.
O cabelo comprido é tudo que se pode ver. O que se quer enxergar. Sentir.
Seus óculos quase invisíveis e seus olhos de poeta que analisa forçam um desvio eficaz.
E fugindo do olhar, olhar pro rosto perde o sentido.
É do tipo que te faz ficar na ponta dos pés pra um abraço.
Extremos.
Uma visão horizontal te remete ao primeiro botão da camisa social – sempre social.
E tu percebes que visão não é o único sentido necessário.
Basta ele abrir a boca – aquela mesma que tu sempre evita olhar – com um violão na mão pra embalar e enterrar mesmo os mais dispersos e desinteressados na própria arte. Arte própria, das melhores.
Sensível ao toque, tão sensível que quase não permite contato que é pra não ter efeito visível.
Só visível.
Mas mesmo que não pudesses ver o rosto, ouvir a voz e nem sentir o toque, tu reconheceria sua presença pelo cheiro de boemia. Cheiro de poesia. Poeta à revelia.
E pra não dizer que não falei do gosto, gosto sim do que ainda não conheço nesse guri.
Ele, por assim dizer, não era grande coisa.
Grandes coisas são exageradas, dispensáveis.
Mas ele, de fato, não era. Atrás daqueles instrumentos perdia a vergonha e, sem vergonha, fazia seu show.
O cabelo comprido é tudo que se pode ver. O que se quer enxergar. Sentir.
Seus óculos quase invisíveis e seus olhos de poeta que analisa forçam um desvio eficaz.
E fugindo do olhar, olhar pro rosto perde o sentido.
É do tipo que te faz ficar na ponta dos pés pra um abraço.
Extremos.
Uma visão horizontal te remete ao primeiro botão da camisa social – sempre social.
E tu percebes que visão não é o único sentido necessário.
Basta ele abrir a boca – aquela mesma que tu sempre evita olhar – com um violão na mão pra embalar e enterrar mesmo os mais dispersos e desinteressados na própria arte. Arte própria, das melhores.
Sensível ao toque, tão sensível que quase não permite contato que é pra não ter efeito visível.
Só visível.
Mas mesmo que não pudesses ver o rosto, ouvir a voz e nem sentir o toque, tu reconheceria sua presença pelo cheiro de boemia. Cheiro de poesia. Poeta à revelia.
E pra não dizer que não falei do gosto, gosto sim do que ainda não conheço nesse guri.
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
“E se realmente gostarem? "
"Se o toque do outro de repente for bom?
Bom, a palavra é essa.
Se o outro for bom para você.
Se te der vontade de viver.
Se o cheiro do suor do outro também for bom.
Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons.
O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo.
Bons, normais, comuns.
Coisa de gente.
Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros.
E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor?
Quando você chega no mais íntimo.
No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido.
Você também tem cheiros.
As pessoas têm cheiros, é natural”
Bom, a palavra é essa.
Se o outro for bom para você.
Se te der vontade de viver.
Se o cheiro do suor do outro também for bom.
Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons.
O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo.
Bons, normais, comuns.
Coisa de gente.
Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros.
E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor?
Quando você chega no mais íntimo.
No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido.
Você também tem cheiros.
As pessoas têm cheiros, é natural”
Caio Fernando Abreu, em: Estranhos Estrangeiros
terça-feira, 22 de novembro de 2011
Acordei, olhei em volta, e percebi que ninguém me obrigou a abrir os olhos.
Reparei também que o meu mal-humor transbordava pelas narinas e que todos já percebiam isso há tempos só pelo tom em que eu disparava meu "bom dia" da boca pra fora - porque o que eu realmente queria é que o dia de todo mundo fosse, de fato, pior ainda que o meu, só pra eu ter uma base de comparação.
Minha cabeça lateja. Meus olhos têm uma tonelada de vontade de fechar. E eu sei que é só o começo.Ou a continuação de ontem, tem sido igual mesmo...
Mas hoje, excepcionalmente, decidi pensar.
Poupando os devaneios desnecessarios, cheguei a conclusão de que tá faltando olhar.
As estrelas daqui, que são tão mais visíveis.
O sorriso daquela velha a quem eu fingi não ver do outro lado da rua, de manhã.
Falta reparar naquele guri que eu nunca lembro o nome e que faz tanta diferença pra mim.
No movimento das minhas pernas que admiravelmente não precisam que eu as mande fazer nada. Sempre ali, prontas a me levar onde é preciso.
De repente, parei de olhar pro lado podre das coisas. Cansei de procurar motivos idiotas pra justificar meu fracasso. E o seu.
Nossa infelicidade é fruto da nossa incompetência. Naõ culpe o resultado que você mereceu.
Reparei também que o meu mal-humor transbordava pelas narinas e que todos já percebiam isso há tempos só pelo tom em que eu disparava meu "bom dia" da boca pra fora - porque o que eu realmente queria é que o dia de todo mundo fosse, de fato, pior ainda que o meu, só pra eu ter uma base de comparação.
Minha cabeça lateja. Meus olhos têm uma tonelada de vontade de fechar. E eu sei que é só o começo.Ou a continuação de ontem, tem sido igual mesmo...
Mas hoje, excepcionalmente, decidi pensar.
Poupando os devaneios desnecessarios, cheguei a conclusão de que tá faltando olhar.

O sorriso daquela velha a quem eu fingi não ver do outro lado da rua, de manhã.
Falta reparar naquele guri que eu nunca lembro o nome e que faz tanta diferença pra mim.
No movimento das minhas pernas que admiravelmente não precisam que eu as mande fazer nada. Sempre ali, prontas a me levar onde é preciso.
De repente, parei de olhar pro lado podre das coisas. Cansei de procurar motivos idiotas pra justificar meu fracasso. E o seu.
Nossa infelicidade é fruto da nossa incompetência. Naõ culpe o resultado que você mereceu.
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