"Se o toque do outro de repente for bom?
Bom, a palavra é essa.
Se o outro for bom para você.
Se te der vontade de viver.
Se o cheiro do suor do outro também for bom.
Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons.
O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo.
Bons, normais, comuns.
Coisa de gente.
Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros.
E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor?
Quando você chega no mais íntimo.
No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido.
Você também tem cheiros.
As pessoas têm cheiros, é natural”
Bom, a palavra é essa.
Se o outro for bom para você.
Se te der vontade de viver.
Se o cheiro do suor do outro também for bom.
Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons.
O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo.
Bons, normais, comuns.
Coisa de gente.
Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros.
E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor?
Quando você chega no mais íntimo.
No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido.
Você também tem cheiros.
As pessoas têm cheiros, é natural”
Caio Fernando Abreu, em: Estranhos Estrangeiros