domingo, 13 de março de 2011

Pra ter um pouco de esperança, use as reticências...



Um dia. Menos que isso. Algumas horas foram o suficiente para fazer desmoronar tudo que ela havia construído.
Não digo que antes existisse algo realmente sólido. Mas, pelo menos, até ali ela tinha a quem recorrer quando necessário.
Saiu cedo, como se não quisesse ser vista por ninguém. E, de fato, não queria.
Pegou o primeiro ônibus e nem se deixou parar pra pensar se o que ela estava prestes a fazer era certo. Talvez porque sabia que nada lúcido justificaria aquilo.
E foi, mesmo tendo analisado minuciosamente cada consequência. Sem deixar espaço pra arrependimento, sem pensar em nada.
E no momento em que  seu mundo todo desmoronava, quando todas as vozes dentro dela diziam que nada daquilo valeria a pena, ela percebeu que tudo que precisava estava ali, olhando em seus olhos, e enxugando suas malditas lagrimas de culpa.
Cúmplices. É exatamente o que eram. O que são. E ela sabe que ele sempre esteve ali. Desde que o primeiro eu te amo foi dito. E vai continuar ali, ainda que em estado latente, pra sempre.
Mas apesar de ser tudo o que ela queria, era também quem fazia seu mundo desmoronar. E isso fez toda a diferença.
De repente, por um descuido, um deslize, ela parou pra pensar. E percebeu que talvez tudo aquilo não valesse a pena. Talvez não passasse de um relacionamento inacabado que ainda incomoda. E recuou. Pegou suas coisas, o pouco que sobrou de seu bom caráter e foi embora . Desistiu ali do que todos julgam ser o mais importante. Todos, menos ela.
Novamente, ela se viu sozinha em meio a multidão. Construindo seu mundo de areia e se convencendo de que não passava de mais um erro, depois de tantos. No final de tudo, ela resolveu colocar um ponto na historia. Não final, mas reticências. Como sempre. Como ele disse que seria...
A omissão de algo que podia ser escrito, mas que não o é.

domingo, 6 de março de 2011

Voltando pra casa,

resolvi parar pra pensar. Parei, e reparei que já não lembro por quê tudo acabou, se é que houve razão. Reparei também que eu estava novamente com aquele sorriso idiota no rosto só por ter passado umas horas com você, e que há muito tempo eu não sentia essa sensação adolescente.
Minha consciência ainda me obriga a ficar longe de você, por precaução. Mas existe uma voz dentro de mim. E essa voz não pára de dizer teu nome, pra me fazer lembrar o quanto estar com você me faz bem.
Você sabe que eu não posso, mas sabe também que eu ainda quero, ainda sinto você.
E eu poderia até mesmo passar o resto da minha vida com um poeta me tendo como diva, mas nada, absolutamente nada que ele me dissesse chegaria aos pés daquele simples eu te amo que você sussurrou no meu ouvido, enquanto eu parava pra pensar.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Pela primeira vez,

 em todos esses anos, sua presença não me causa arrepios.
Pela primeira vez, depois de tanto almejar um olhar seu, não vejo meu mundo de maravilhas em seus olhos.
Não sei por quê. Não é como antes.
E não é por nada não. A culpa não foi sua.
De repente, percebi que não quero mais lutar por você. Simplesmente cansei.
E não me diga que isso é ruim. É uma questão de perspectiva. Não era isso que você realmente queria?
Aliás, eu me sinto incrivelmente bem por te dar uma opção.
Entenda: Eu não deixei de te amar, só de te querer a todo custo.
E, talvez, quando você  realmente resolver valorizar todo o amor que eu te dei e minha presença te causar arrepios, quando tiver de fato a certeza de que encontra todas as respostas que precisa dentro dos meus olhos, no momento em que sentir suas pernas tremerem e seu coração acelerar enquanto te abraço, aí sim, quem sabe eu perceba o quão ridiculo foi o meu papel diante de você todo esse tempo.